sábado, 25 de outubro de 2014

Existe casamento após os filhos?



E então você encontra o homem da sua vida e pensa, ele vai ser o pai dos meus filhos.
Vocês formam um belo casal feliz e resolvem virar uma família. Planejam o bebê, descobrem-se grávidos, escolhem o nome, curtem a barriga, decoram quartinho, compram o primeiro sapatinho....
Um dia quando ninguém espera nasce o tamagochi e o bebê virtual vira real e vcs realmente são uma família.
Pois então, isso é o que acontece na maioria das vezes, mas o que ninguém te conta é que essa propaganda de margarina dura pouco.
Comigo foi assim. Logo que meu primogênito nasceu, a realidade de ter um bb caiu como uma bigorna na minha cabeça, o relógio era o meu maior inimigo. Meu marido me ajudou muito com as tarefas novas em casa e com o bbzinho. Confesso que sintia um certo tesão ao vê-lo praticar a partenidade, mas meu tesão terminava por aí. Me sentia gordinha, disforme e quando a gente amamenta sente constantemente um cheirinho de azedo. Sentia vergonha do meu corpo e principalmente dos meus seios, que viviam vazando.......o sexo estava mais sem importância.
Bom, este era o primeiro sinal que o casamento estava rachando. Mas eu não percebia, só achava que era uma má fase, culpa da minha baixo auto estima misturada com hormônios enlouquecidos.
De repente, mais ou menos quando o Francisco ia fazer uma ano, o homem da minha vida, o cara que eu tinha escolhido para ser pai dos meus filhos, me irritava e muito.
Percebi que cada opinião que ele dava a respeito da educação (até então o tamagochi só era alimentado e cuidado, ainda não precisa mexer na configuração EDUCAÇÃO), de como devia fazer certas coisas com o MEU menino, eu ficava muito nervosa. E quando ele fazia coisas que eu discordava, ou as coisas que eu recomendava saiam meio nas coxas, era o fim, irritação grau TPM plus.
Eu me irritava, mas não falava, o problema foi quando resolvi a começar a discutir. Eram discussões diárias, briguinhas irritantes todo o santo dia.
Eu me perguntava, cadê aquele homem que eu me apaixonei? Quem é esse babaca irritante? Da onde ele saiu?
E as briguinhas continuavam. E começaram acusações do tipo.....se na casa da sua mãe era assim, aqui não vai ser!
Percebi que estava conhecendo um lado da educação dele que não sabia que existia.
No aniversário de um ano do Chicão foi um dia muito triste, onde sentamos, conversamos (brigamos feio) e resolvemos que estava tudo acabado. Que depois da visita dos nossos pais (sim, eles moram a 400 km, thanks God) iríamos cada um pro seu lado. Foi o parabéns mais triste que cantei na minha vida.
No dia seguinte conversamos mais um pouco, os ânimos estavam mais leves e resolvemos nos dar mais uma chance. Vou confessar que não foi fácil decidir ficar, parecia que eu estava me obrigando a comer uma comida que odeio.
Bom, mas os dias passaram, as discussões continuaram, mas mudaram o tom de briga para um tom de "estou de conhecendo mais um pouco", nem sempre gostava do que eu era apresentada, mas tolerava. E claro, não vou tirar a minha culpa, com certeza do lado dele ocorriam as mesmas sensações e sentimentos.
Mas como sempre para tudo tem uma solução, um vislumbre, isso aconteceu. Foi em um dia em que fomos levar o Francisco na natação, ele devia ter mais ou menos um ano e meio. Como toda mãe babona do seu primogênito, fiquei do lado de fora com a maquina fotográfica esperando para tirar fotos de pai e filho. De repente apareceu uma fila no corredor vindo em direção a piscina. Umas meninininhas fofas com seus roupões rosa, chinelinho combinando, tb tinham meninos assim, com touquinhas de tubarão, todos de propaganda, fofos de mãos dadas com suas mães. Foi aí que reparei nas pessoinhas de mãos dadas com seus pais. Era hilário, as tocas tortas, sungas enroladas, sem o chinelinho, alguns com roupão, mas aberto mesmo.
EUREKA! A luz se fez!!! Todas as pessoinhas com menos de um metro de altura estavam extremamente felizes, seja perfeitamente arrumadinho ou todo desgrenhado. O Tico e o Teco gritaram na minha cabeça......... É isso! 
A minha conclusão após ver esta cena, que até hoje passa em câmera lenta na minha cabeça é.......ele também é o pai, ele tb tem o direito de cuidar, amar e principalmente errar do jeito dele, o filho é dos dois, foi produzido meio a meio, inclusive geneticamente. 
Diminui de discutir, tolerei mais, me afastava em situações em que não concordava, me coçando, mas não podia entervir. Entendi que tinha mais um na relação, que tudo era dividido em três. Ainda discutimos sobre a educação, mas hoje concordamos mais. Ainda tem coisas que acho absurdo e chato.
Enfim relacionar-se. Procure no dicionário o que é relacionamento. É uma troca diária. Se nós abríssemos mão pararíamos de nos relacionar e nunca saberíamos se daria certo. Ser casal é diário, é rotina, é chato, é legal, é entrega, é luta, é parceria. E claro que não poderia abrir mão daquele homem que tanto admirava, que me fazia suspirar antes de ter filhos, afinal um dia os "catarrentos" vão embora é ficaremos nós e nossa história.
Agora como ficou o sexo depois dos filhos, fica pra outro post.......