sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Desabafo de uma mãe de menino

Nas últimas semanas é sabido que tem tido um levante feminista muito importante. Tudo começou com o #meuprimeiroassedio, onde as mulheres contam os assédios sofridos desde a mais tenra infância. Claro que foi chocante e muito revelador, eu mesma escrevi sobre a primeira vez que fui assediada aos oito ou nove anos de idade.
Foi muito bom a sociedade debatendo esse assunto, vendo como é mais comum do que imaginamos, vendo como crianças são tratadas como objetos sexuais e como tem atitudes de mal gosto por aí. Acho isso muito maduro como sociedade, para evoluirmos e cada vez caminharmos para a tal igualdade de gêneros, se bem que neste caso não acho bem essa conotação, mas isso é outra história.
Nesta semana começou outro movimento, outra bandeira levantada pelas cyber feministas, o #meuamigosecreto, onde as mulheres falam de atos machistas de pessoas do seu círculo de amizades, na verdade é uma denúncia a hipocrisia de alguns, que se dizem modernos e no fim são super retrógrados, tipo pessoas do século retrasado, sim pq tem mulheres que podem ser incluídas nesse time.
Enfim, acho tudo isso muito válido, na verdade acho sensacional, até a página 2, quando começa os radicalismos, quando começamos a generalizar, quando começamos a só reclamar e não procurar soluções.
O que vem me assustando, até porque me atinge diretamente, são as queimaduras de sutiã do cyber mundo, as diretas para as mães de meninos, como se toda a desgraça que a mulher sofre no mundo é porque a mãe de algum homem não soube o ensinar a dar valor às mulheres. Detalhe, tenho 2 meninos e encho o saquinho deles com questões de igualdade de gêneros, do tipo, todo mundo pode fazer tudo o que quiser, contanto que não prejudique o próximo, mas todos somos capazes de sermos o que quiser, ou seja, as meninas vão jogar no seu time sim.
Na verdade, depois de ler muitos depoimentos e delações não premiadas de amigos secretos fez eu ficar cá com meus botões pensando no presente, passado e futuro da humanidade. No presente chego à conclusão de que é assustador como as pessoas nas redes sociais levam tudo a ferro e a fogo, como os extremismos chegam a uma falta de compreensão, de tolerância, de empatia e como sempre é muito mais fácil colocar a culpa no outro e vez de se mexer e mudar o que te incomoda.
O futuro me preocupa bastante, pois vejo que as mulheres buscam, buscam e buscam o seu feminino, mas acabam guerreando como homens, comprando briga como homens, tentando ser melhores ou mais valorizadas do que os homens. Pelamor!!!! Não acho que mereçamos um podium, mas se queremos igualdade de gêneros não podemos nos colocar em posição de vencedoras vítimas da sociedade. Que tudo sempre é muito injusto para nós e que os machistas são uns opressores babacas. Arregaça a manga e fala na cara do babaca que ele é babaca, quem sabe assim ele acorde e mude, ou no mínimo vc nunca mais vai ter que tolerá-lo, pq com certeza ele vai passar a metros de distância de vc. Talvez vc perca o emprego, o amigo, o namorado, enfim,mas toda mudança tem seu preço. Não adianta ficar de mimimi no presente.
Às vezes enxergo o futuro exatamente ao contrário do presente, as mulheres sendo opressoras e os homens submissos, quase como naquela animação que ETs sequestram mães humanas para cuidarem dos seus bebês e os homens vivem felizes num submundo bagunçado e festeiro.
O passado minhas amigas, nós mulheres somos tão culpadas qto os homens. Se mãe de menino tem responsabilidade por um mundo melhor (Putz, que peso nas minhas costas), por ensinar a eles serem mais gentlemen, talvez príncipes Disney (lado sarcástico falando), às mães de meninas também tem muita responsabilidade, pelo simples fato de que não podemos repetir o erro de nossas mães, as primeiras queimadoras de sutiã, as primeiras consumidoras de pílula anticoncepcional.
Explico, eu cresci ouvindo que eu tinha que ser a melhor em tudo que eu fazia, na verdade era quase uma mantra, que eu tinha que ser uma pusta profissional, bem sucedida, ganhando muito dinheiro, que eu tinha que ter uma casamento da propaganda da Doriana, ser uma dona de casa zelosa, mesmo pilotando empregadas, ou não e claro o gran finale, ser linda, sexy e esposa fogosa. Gente, para pra pensar e veja se isso é humanamente possível. Ah! E tem uma frase que minha mãe dizia que até hj ecoa na minha cabeça.......seja independente financeiramente!!!!
Então minhas amigas, mães de meninas, ensinem suas filhas a terem a vida leve, ensinem a elas que se elas quiserem ser donas de casa, felizes, com o avental sujo de ovo, isso é lindo também. O importante é se realizar pessoalmente, se ela quiser ser uma grande executiva, nunca casar e nunca ter filhos, isso também é possível e que ela lute para que a sociedade e principalmente as mulheres achem isso legal, pq se vc decidir uma coisa ou outra citada, as mulheres vão te criticar, até porque várias delas vão achar que vc poderia e deveria ser o mantra da minha mãe, é muita vagabundice ou egoísmo ser só uma opção.
Ensinem também que elas não precisam ser tudo ao mesmo tempo agora, que há o tempo do trabalho, que há o tempo de abrir mão de tudo e sempre há o tempo para amar e que quando os homens não são aqueles que sonhamos, não se iludam com o poder da metamorfose, do "eu vou mudar ele". Até pq um sexo bom vc pode ir experimentando e arranjar um PA......
Ensine a sua filha que rir e estar junto é o melhor dos relacionamentos e que sapos não devem ser engolidos nunca, e se o cara tiver 2m de altura, você veste sua coragem e fala mesmo assim, NÃO GOSTEI!
Enfim, acho que a responsabilidade por um mundo melhor está sim nas mãos das mães, mas também na dos pais, de vários meninos e meninas que ainda não pensam na questão de gênero e que devemos fazer com que eles continuem a pensar assim, pois afinal somos todos iguais, homens e mulheres, com a única diferença da nossa capacidade de parir, mas que isso não nos faz melhor do que eles.