segunda-feira, 25 de abril de 2016

Divagações para o futuro.

Cada dia que passa me pego filosofando sobre comunidades, sobre viver em sociedade, talvez porque logo meus meninos estarão solto neste mundão lindo de meu Deus.
A última filosofia aconteceu na aula de natacao (sim, eu medito enquanto eu nado). Estava dentro da piscina assistindo a professora ensinar meu mais novo a mergulhar de fora da piscina, eles pulavam, saiam pela escada e faziam fila pra tentar novamente. Quando de repente uma menininha furou a fila na frente do meu distraído, fiquei na minha, afinal a aula não era a minha. Uma amiga avisou onde começava a fila e ela voltou pra trás do meu pequeno, mas depois de 10 segundos passou a frente novamente. Fui terminar minha série, aquele pepino não me pertencia.
Já no banho fiquei pensando na pequena fura fila e lembrei que este final de semana também vivenciamos isto num restaurante, onde uns espertinhos sentaram na nossa frente, enquanto aguardávamos que nos chamassem pelo nome na lista.
Pensei na menininha, lembrei da mãe da pessoa, a qual observo sempre o comportamento. A adulta responsável pela pequena, é uma boa mãe com certeza, mas tem o péssimo hábito de super proteger a criança e ainda sempre colocar a culpa em causas externas para o comportamento da menina, a qual já apresenta algumas características indesejáveis de crianças super protegidas, como o medo excessivo de coisas inexplicáveis e de se afastar muito da sua mãe.
Segunda etapa da divagação. Estou numa fase difícil novamente da vida adulta, na qual o maridon está desempregado e na crise (e só!), fiquei pensando o que é a vida, senão um eterno curar feridas e seguir em frente, levantar e sacudir a poeira. Agora conectando, as crianças super protegidas não se machucam, física ou psicologicamente, seus pais estão fiscalizando constantemente para que isso não aconteça, com isso vai acontecendo uma transformação bizarra do ser humano, ele tem medo de arriscar, sim porque a informação que ele tem sempre é que se passar da linha vai se dar mal de alguma maneira; ele não sabe seguir em frente, pois quando alguma coisa da errado ele não têm o plano B na manga, mas como ter o plano B, ou raciocinar o plano B se tem alguém sempre pra resolver o pepino. E pra mim a pior de todas, o egocentrismo, quem é super protegido tem certeza que o mundo gira em torno de si, pois afinal, quem é mais importante no mundo,  quem tem sempre o tapete vermelho estendido na frente para que passe ileso a todas as provações.
Projetando para o futuro, acho que corremos o risco de criar uma geração muito informada sobre ecologia, sobre sustentabilidade, sobre tecnologias, mas pouquíssimo ligada a viver em sociedade, afinal são todas criadas para nunca se machucarem, mas se machucarem alguém não tem tanto problema, as vossas altezas podem tudo, até passar na fila do restaurante, com lista e tudo.
Quando é que as pessoas vão entender que o medo também é um produto. Compartilho da ideia que o mundo não é tão perigoso quanto pensamos, perigoso era ter um gato preto na idade média e ser queimada na fogueira, enfim, o mundo tem mais gente, estatisticamente, proporcionalmente mais desgraças.
Então por favor, quando seu filho pedir pra fazer algo sozinho, o deixe, segure sua onda e nem espione. Ele provavelmente vai se machucar, mas também vai crescer e se ele te perguntar porque você permitiu se sabia que ele ia se dar mal, só responda que vc realmente acredita na capacidade dele.