Gosto de escrever, gosto de colocar meu coração nas palavras, é um jeito de desabafar em silêncio, de colocar pra fora as milhares de vozes que tem dentro da minha cabeça.
Outro dia me lembrei que um dia eu tive um blog, meio que sobre a maternidade, mas tb não tinha como escrever sobre outra coisa, eu estava afogada na maternidade e todos os assuntos possíveis e imagináveis que envolvem o criar dois meninos.
Pois então, resolvi voltar a escrever por aqui, me ajuda muito a alinhar meus pensamentos, ou simplesmente constatar que esta tudo indo por onde imaginei mesmo. E qual o tema que escolhi? Falar de filho, não tem jeito, mas o que eu quero abordar para variar é contraditório no eterno 8 ou 80 da minha vida todinha.
Hoje minha divagação é sobre a adolescência de hj e como estou amando ser mãe de adolescente. Quando o Francisco estava perto dos 13 anos e começaram as mudanças nele, hormônais, comportamentais e corporais, sentei com ele e tive uma conversa muito bacana, o Chicão é desses caras que escutam, absorvem, as vezes discute, as vezes apenas fica digerindo até trazer uma conclusão, a minha conversa com ele foi como tudo iria mudar nele e entre nós por conta da adolescência e pedi para ele ter paciência comigo, até porque nunca fui mãe de adolescente e que iríamos aprender juntos e que para isso ele deveria falar comigo principalmente o que eu o incomodaria, vamos combinar, mãe incomoda muita gente.
E foi assim com essa tranquilidade que entrei para o mundo de possibilidades infinitas que é a adolescência de hoje, pelo menos por aqui. Francisco como sempre é minha cobaia, ainda bem, pois ele é muito tranquilo e fácil de lidar, diferente do meu pqno pimentinha, mas que também não tenho tantos impasses. (Tirando a fase dos 13 anos que é a fase em que eles viram o cramunhão em pessoa, mas isso falarei em outro post).
Alguém aí se lembra ou já viu o filme "Yellow Submarine" dos Beatles? Não sendo mais adolescente, enxergo hoje ela de fora e acho que ela é esse mundo colorido, alegre, cheio de possibilidades, as vezes assustador, com muitas cores, muitas risadas, muita troca de experiência e muita experimentação, quase uma viagem lisérgica mesmo, onde se vc estiver preparado e amparado vai ser muito divertido.
Dizendo tudo isso e constatando que eu fui adolescente há algumas décadas atrás (melhor não comentar essa parte), apenas observo essa turma na atualidade, que em muitos aspectos não é muito diferente do que eu fui, mas em outros aspectos eles são absurdamente mais evoluídos do que a gente foi na nossa época.
Vou explicar, sempre digo que os adolescentes são maravilhosos pelo simples fato de me aterrarem no presente, ou seja, qdo sento com a galera que são os amigos dos meus filhos eles sempre me trazem novidades e perspectivas de como enxergam e agem pelo mundo de hoje, posso dizer que são já pessoas maravilhosas, sem questões e tabus que os adultos insistem em discutir, possuem uma empatia pelo outro quase budista, estão sempre dispostos a ajudar. E o tanto que gostam de uma discussão cabeça???São pessoas muito interessantes que me trazem novos termos, palavras, gestos, que me mostram que o amor é pra ser vivido e não discutido, padronizado ou encaixotado. E os sons que eles fazem, normalmente são risadas soltas, as vezes rola aquele besteirol genuíno, só pra tirar uma onda dos amigos, uma delícia...
Além do mais tenho a sorte de ter 2 adolescentes muito diferentes, mas igualmente bacanas nos seus propósitos. Um artista, com sua turma de humanas, preocupados em mudar e entreter o mundo através de mensagens áudio visuais tão claras quanto um tapa na cara, pessoal que escuta Jardes Macalé, O Grilo, chorou quando a Gal Costa e a Rita Lee morreram, almas velhas, gente que veio para acalmar essa vibração de ódio e velocidade dos nossos tempos.
Meu outro adolescente é um esportista, lutador, a turma dele me ensina que mesmo tendo pouca idade, ter um objetivo, ter foco e fazer seu corpo trabalhar para vc é um exercício mental e tanto, que devemos cuidar do nosso instrumento de trabalho (corpo e mente) com um esmero sem tamanho, isso começa na alimentação, na repetição infinita de movimentos até atingir a excelência. É o pessoal da resiliência, da insistência e também do grupo, de torcer um pelo outro, de dar apoio um para o outro, dar o ombro quando o objetivo não é alcançado e bora voltar a treinar pro próximo campeonato.
Então, quando falam que adolescente é chato, é cheio de mimimi, chamam de aborrescente, fico P da vida, pq o que tenho em minha volta são pessoas tão cheias de vida e tão interessantes que eu gostaria de ser uma mosquinha para ficar acompanhando o dia delas. São tantas oportunidades, tantas possibilidades que chegam explodir luz. E qdo eu digo que se tiverem preparados e amparados é sobre todo o afeto que tiveram desde sempre em casa e se sentirem seguros para desbravarem essa viagem lisérgica que é a vida sem entrar numa "bad trip". É
simplesmente a hora de vc adulto, confiar em tudo que vc colocou nessa caixinha e confiar que vai dar bom...